terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Capitulo Quatro - Horxes & Horpeis

A visita de Glooskap animara todos na casa. E no decorrer do dia Christian, as vezes, andara falando e rindo sozinho pela casa, deixando Sara um pouco nervosa, Hugh nem ligara tanto pra isso, pois praticamente ficara a tarde toda dentro do quarto lendo o panfleto entregue por Glooskap e ficava imaginando como seria a Caerdwyff. E assim estava no panfleto:

Colégio de Artes e Ciência Caerdwyff

Non deterret sapientem mors

História

O colégio é o de maior tradição em método de ensino de toda a Columbia Britanica.

Fundada no ano de 1855 pelo americano Brexoson, que transformou sua mansão uma escola para atender as necessidades das crianças filhos dos colonos da Ilha Vancouver e arredores; mais com o passar dos tempos, essa distancia geográfica foi se expandindo, até abrangir toda a Columbia. No ano de 1900 o colégio sofreu um grave incêndio sendo destruído quase por completo, vindo a ser inteiramente reconstruído somente em 1915.

Como conseguir uma vaga?

A Caerdwyff é onde não se paga mensalidades pelo melhor ensino. Os alunos admitidos são apenas aqueles que se classificam no Exame Estadual do Ensino Primário.

Quando começam e terminam as aulas?

As aulas têm inicio a partir da segunda segunda-feira de setembro, encerrando-se na última sexta-feira de junho.

Diretora: Nastasha Romanenko

No mais tardar, mais especificamente no jantar, o assunto à mesa foi Glooskap e a Caerdwyff.

- Eu sabia que ele era diferente. – afirmou Sara sentada a mesa.

Naquela noite o jantar era uma macarronada com molho e almôndegas.

- Ele aparenta ser mesmo uma boa pessoa, não é? – perguntou Hugh e levando à boca o garfo com o macarrão.

Christian concordou com a cabeça e falou:

- Ele falou tanto dessa Caerdwyff, mas a verdade é que nunca ouvi falar dela.

- Que isso! – exclamou Sara. – A Caerdwyff é uma escola muito boa e conhecida sim, Christian. Glooskap falou e disse! Alias, é melhor do que aquela escola esnobe da Flyboots.

- A Flyboots não é esnobe! – respondeu Christian batendo na mesa.

Hugh espantou-se e perguntou:

- Afinal vocês estão felizes por eu ter decidido ir para a escola, ou não?

Sara lançou um olhar cortante para Christian que na hora captou e achou, por bem, trocar o assunto.

- Ah, claro que estou feliz filho. É que a mamãe não sabe reconhecer uma boa escola – falou Christian tentando ser indireto.

Sara levantou-se, já um pouco nervosa, e respondeu.

- Pelo menos eu sei reconhecer uma cama de um sofá, pois é lá que voçe vai dormir hoje. – colocou seu prato na lavadora de lousa e saiu em direção à estufa.

Hugh sabia que não era uma discussão de verdade, por isso não se deu o trabalho de preocupar-se com isso, nem mesmo Christian, que voltara ao macarrão.

Ninguém falou por um bom tempo, até eles acabarem a refeição.

- Quando vamos para Vancouver? – perguntou Hugh enquanto colocava seu prato na lavadora de lousa.

- Iremos amanha pela manha, assim faremos isso de uma vez.

Naquele casarão todo, não tinha nenhum sinal de televisão; Sara, uma vez, comprou uma, mas Christian obrigou-a a devolver o aparelho, pois ele alegava que essas coisas modernas danificavam as pessoas e que o melhor a se fazer era comprar livros e jornais. Ele cedeu apenas para um aparelho de rádio, que fora comprado por Sara com a devolução do dinheiro da TV.

Christian foi para a sala de estar ouvir noticias no rádio e Hugh que ainda estava muito feliz com o que aconteceu pela manhã; escovou os dentes e rumou para o quarto, mesmo sem sono, mas para ele foi legal ficar imaginando como seriam as compras em Vancouver.

*

Hugh acordou com muito mais sono do que quando conseguiu, finalmente, ir dormir. Ele despertou totalmente em pânico - pensando que poderia ter perdido o horário – e quase derrubou sua mesa de cabeceira.

Desceu desesperadamente a escada em direção a sala de estar, seu destino era o relógio de pendulo. O breu dominava o cômodo; das cortinas escuras transpassava apenas uma fraca luz do amanhecer, Hugh olhou para o antigo relógio - que ficava entre a estante e a lareira – e marcava cinco para as seis.

Ele não sabia se deveria ou não sentir que estava atrasado, pois seu pai nem havia lhe dito a hora que iriam partir para Vancouver.

Olhou em direção ao sofá e viu um volume, do tamanho de um homem, deitado; era Christian. Hugh foi até ele e chocalhou-o.

- Pai... pai... acorda! – falou Hugh mexendo nele ainda mais.

“Hum”, gemeu Christian revirando-se no sofá.

- Pai, acorda!- falou o menino aumentando a voz e balançando-o.

- O que?! – respondeu Christian levantando-se de supetão assustado.

- O senhor disse que iríamos para Vancouver hoje, não é?

- Aaa, é. Que horas são?

- Seis horas. – arredondou Hugh.

Ainda sonolento ele respondeu.

- Ta bom já estou levantando, vá se arrumar... – e voltou para o sofá.

Hugh subiu, em meio à penumbra, com um pouco de sono ainda. Foi primeiro ao banheiro, onde escovou os dentes e tomou banho, o que foi suficiente para desperta-lo.

Minutos depois se encontrava arrumando sua cama. A ansiedade era tanta que logo foi perdendo a fome. Mesmo assim desceu à cozinha, onde milagrosamente, Christian se aventurava a preparar o café da manhã.

Quanto os ponteiros do relógio marcaram 6:45hs, os dois já se localizavam dentro do carro, na garagem – aquela era a parte da casa mais recente e mais bagunçada.

- Esta tudo aí? – perguntou Christian colocando o cinto de segurança.

- Sim. – respondeu Hugh no banco de trás. – Vamos? – perguntou.

Christian fez os últimos check-ups, ligou o motor e deu a partida.

A garoa caia fina e o céu estava escuro e nublado dando um ar místico à Ousix com todos aqueles casarões com as luzes apagadas, e as arvores secas com corvos. Ao avistar os corvos Christian comentou:

- Corvos na Ousix? Essa época do ano? Que estranho.

- O que há de estranho em corvos, na Ousix? – perguntou Hugh curioso.

- Nada. É que não é sempre que eles vêm pra cá. Alguma coisa vai acontecer.

Ao cruzarem uma ponte antiga de pedra – que era o limite do vilarejo – Christian ligou o rádio e Hugh perguntou:

- E mamãe?

- Ela disse que não queria vir.

- A propósito, vai demorar muito? – perguntou o menino, mudando de assunto.

- Ah, sim. Umas quatro horas, mais ou menos.

Só de ouvir aquilo ele sentiu-se exausto. Ficar aproximadamente quatro horas sentado naquele banco não foi nada agradável. Christian ficara boa parte da viagem cantando as musicas com sua horrível voz, e às vezes ouvia, repetidamente, a mesma musica. E como o menino não tinha comido no café da manhã, ali naquele momento, sentia muita fome. À medida que se aproximavam de Hope as cinzentas nuvens de chuva começaram a disipar-se.

Hugh não era uma criança mimada daquelas que só vivem em centros urbanos, mas a visão de florestas de pinheiros e montanhas, já estava fadigando-o e ao ver da estrada que a civilização de Chilliwack se aproximava ficou feliz de voltar a ver prédios, casas e pessoas.

Pararam somente em Abbotsford onde reabasteceram o carro e Hugh se esticara e comera um pouco. O tempo era bom; a temperatura morna, o céu azul-anil com poucas nuvens e um sol radiante.

- Já estamos chegando. – alertou Christian a Hugh enquanto saiam do posto de gasolina. – Só mais uma hora.

- Uma hora!? – exclamou Hugh jogando-se no banco.

Enfim partiram de Abbotsford. Essa uma hora, passara lentamente e logo o tédio tomou conta do ar, a única diversão de Hugh foi ficar olhando as cidades que passavam.

Aldergrove... Langley... Surrey... e finalmente... Vancouver.

À medida em que se aproximavam do centro, os prédios aumentavam e as ruas iam ficando mais largas. Milagrosamente o tempo lá era melhor do que o tempo em Kamloops. Aproximadamente, vinte minutos depois de chegarem à cidade; eles já se encontravam dentro do Pacific Centre e estavam caminhando em direção a entrada de uma loja bem cuidada, no segundo andar do shopping, com uma grande placa de néon amarelo, onde lia-se as palavras: Horxes & Horpeis.

As vitrines bem cuidadas expeliam o luxo de uma livraria de primeira. Hugh ainda via-se encantado de estar, pela primeira vez, em Vancouver e também, pela primeira vez, em um shopping center.

Logo ao adentrarem a loja viram dezenas e mais dezenas de estantes com livros e próximos a elas haviam pequenas poltronas. Christian imediatamente foi ao fim da loja, onde ficava o balcão.

- Precisamos de livros e roupas para a Caerdwyff, e disseram que aqui eu poderia encontrar tudo isso. – disse ao balconista.

- Bem-vindo a Horxes e Horpeis, aqui teremos os livros e no andar superior os uniformes. – Ao terminar de falar apontou para uma placa à sua esquerda, onde se lia: Didáticos.

Os momentos dentro da livraria da Horxes e Horpeis não foram tão animados assim, como Hugh tinha em mente, até porque, qual era a graça de ficar escolhendo livros didáticos?

O próximo destino eram os uniformes. Subiram ao andar superior onde deram de cara com uma mulher um tanto gorda, baixinha com cabelos cacheados e curtos; ela tinha feições alegres e bondosas, seus olhos eram como dois furinhos na cara branca e redonda.

- Bom dia. Sou madame Horpeis, em que posso servi-los?

- Vestes para a Caerdwyff.

- Humm, vestes para a Caerdwyff. – cochichou cantarolando, e foi até os trocadores e chamou Hugh e Christian.

Ao chegar Hugh entrou no trocador e logo em seguida madame Horpeis lhe passou um conjunto composto por uma camisa branca, um colete preto com a insígnia da escola e uma calça preta, pendurados num cabide; Hugh nem chegou a vestir o uniforme por completo, pois a calça e a camisa ficaram muito largas; pediu outro que também não ficou bom, e somente na terceira vez que serviu perfeitamente, logo depois deve que provar o traje para o inverno. Um, sobre-tudo preto, uma calça preta um pouco mais grosa que a outra que desta vez serviu de primeira.

- Esta melhor. – disse Hugh saindo do trocador minutos depois. Olhou em volta a procura do pai e de madame Horpeis, e viu que os dois conversavam um pouco afastados dali, resolveu então aproximar-se e foi quando ouviu Horpeis dizendo:

-... É eu sei. E agora que pegaram ele acho que serei a próxima.

- Esta melhor – repetiu o menino, praticamente entre os dois.

Madame Horpeis pegou os trajes e levou, a todos, para o balcão.

- Mas não se preocupe, irão achá-lo. Enquanto isso só resta esperar.

- Diz isso por que não é com você Christian... – dizia enquanto ensacava as roupas. – Tenho um negócio para cuidar.

- Mais de qualquer forma, não se preocupe. – repetiu Christian pegando a sacola com os uniformes e livros e retirando-se da Horxes e Horpeis.

Naquela manhã o Pacific Centre não estava tão cheio como de costume, a sensação que Hugh tinha enquanto passeava pelos corredores com Christian, era de que seu pai havia reservado o shopping inteiramente só para ele.

Rodaram por mais uns minutos, até pararem na praça de alimentação por volta das 12:00hs e foi por volta deste mesmo horário que o Pacific começou a encher.

Algo que sempre irritava Hugh era o fato de que ele era muito curioso, por esse motivo que ele ficou com “a pulga atrás da orelha” após ouvir o resto da conversa entre seu pai e madame Horpeis, então decidiu perguntar:

- Pai, sobre o que madame Horpeis estava falando?

Christian chegara a se espantar com a franqueza do filho em fazer aquela pergunta. Ele apenas disse:

- Não é da sua conta, é assunto de gente grande.

Isso não intimidara Hugh nem um pouco, somente aumentara sua curiosidade.

- Ela também tem aura? – ao ver o rosto de Christian acrescentara – O senhor pode responder isso?

- Bem... é claro... é claro que posso, ela também tem aura, ela é bruxa. E o porquê da pergunta?

Hugh não respondera de imediato, e somente quando o garçom da lanchonete se retirou após levar dois sanduíches, dois refrigerantes e batatas fritas, o menino respondeu:

- Por nada, apenas me lembrei de Glooskap falando sobre ser possível sentir a magia.

Logo os dois se perderam nos lanches, então esse dialogo fora apagado.

Durante certo tempo, ninguém disse nada até Christian ser surpreendido por um rapaz de no máximo vinte anos de rosto fino e bastante charmoso, com cabelos negros curtos e lisos, olhos azuis; ele estava acompanhando de um menino que tinha praticamente os mesmos traços: cabelos negros e lisos, olhos azuis e rosto charmoso, porém, mais jovem. Este devia ter mais ou menos a idade de Hugh.

O homem mais velho já devia conhecer Christian, pois disse ao chegar:

- Nossa não esperava te ver por aqui. – seu olhar percorreu toda a extensão da mesa até pousar em Hugh – Ele deve ser seu filho, não é? Prazer Hugh. – disse estendendo a mão. Hugh pos o sanduíche sobre o prato e cumprimentou a ele e o outro menino. – Sou Otávio e este é – disse apontando para o garoto – Marcos Ranscinni.

Nossa um Ranscinni!”, pensou Hugh ao apertar a mão de Marcos. “Será que eles TAMBÉM tinham a tal ‘aura mágica’”?

- Uau! Vocês são Ranscinnis? Mesmo? – ia completar com “Pensei que estivessem mortos!”, mas achou por bem omitir esse final.

Otávio e Marcos riram como se Hugh tivesse dito uma piada.

- Bem, muitos pensam que estamos mortos... principalmente os bancários, não é Christian? – e gargalhou Otavio.

Hugh não entendera. Decidiu voltar então para seu sanduíche, quando para sua surpresa os Ranscinni decidiram sentarem juntos a eles. Otavio colocou suas sacolas no chão e chamou pelo garçom que decorrido vários minutos, voltou com sanduíches e refrigerantes.

- Como vai a vida na Ousix? – perguntou Otavio tomando um gole de seu refrigerante.

Christian engoliu o lanche e respondeu:

- Vai bem... Sabe como são as coisas; não mudaram nada.

Naquele instante Hugh havia acabado com seu lanche, então ficou livre para fazer perguntas:

- Vocês são bruxos ou vampiros? – perguntou com a maior naturalidade do mundo, como quem diz “Qual é o seu nome?”.

Otávio, Christian e até mesmo Marcos se assustaram com a naturalidade de Hugh.

- Aqui não é lugar para essas perguntas, Hugh. – sussurrou Christian olhando em volta. – Alguém pode estar ouvindo.

- Deixe o menino Christian...

- Somos bruxos. – falou Marcos, cortando Otávio – E vocês são vampiros, não é? – perguntou ao notar a palidez de Hugh.

- Sou mestiço. – respondeu Hugh.

- A mãe dele é bruxa, Marcos. – explicou Otávio.

Por um determinado tempo ninguém falou nada até todos finalmente terem terminado seus lanches, então Otávio começou:

- O que você sabe sobre a magia Hugh? – perguntou

Antes de responder ele pensou um pouco, em todo seu conhecimento em magia e concluiu que não tinha nenhum.

- Eu, é... bem, não sei muita coisa. – e olhou um pouco revoltado para Christian que logo se defendeu:

- Eu e sua mãe só não te ensinamos nada, por que... por que... queríamos deixa-lo ficar grande e ainda por cima o que aconteceu ano passado então?! Por isso achamos melhor não ensinar nada.

- O que houve ano passado? – perguntou Marcos.

- Hugh atacou um menino na escola. – respondeu Christian.

Otavio fizera uma cara de espanto e ao mesmo tempo alegre, como se tudo aquilo fosse uma piada.

- Você o transformou? – perguntou Otávio espantado.

- Hugh não pode transformar ninguém, pois ele é mestiço. – explicou Christian. – Mas causou um estrago considerável no braço do menino. E no hospital disseram que foi uma mordida de cachorro.

- E como foi? – perguntou Marcos, novamente.

- Não me lembro eu desmaiei. – respondeu Hugh lembrando-se daquele dia, o como se sentira mal depois, ao acordar no ambulatório da escola, o gosto horrível de sangue que demorou um bocado para sair, naquela hora Hugh estremeçeu-se só de lembrar da cena.

- Incrível. – exclamou Marcos.

- Por que mesmo dizem que vocês estão mortos? Quero dizer, quem atacou vocês e por que atacou?

Um ar tenso tomou conta do local, Otavio e Christian se entreolharam e Marcos e Hugh ficaram com olhares atônitos para os dois.

- Eu não sei muito bem dessa história pois, eu era criança ainda, Christian deve lembrar-se do fato. – disse Otávio com um olhar tenso para Christian que não fez mais delongas e logo falou:

- Otávio tem razão, ele era criança na época... – respirou fundo e falou. - Não sei se foi saber contar a história como ele realmente aconteceu, mas ela é mais um menos assim.

Marcos e Hugh continuaram com seus olhares atônitos, para Hugh não havia mais ninguém a sua volta, para Hugh eles não estavam na praça de alimentação de um shopping center em Vancouver, para Hugh só haviam as palavras de seu pai.

“Bom, tudo começou a mais de duzentos anos atrás, com um bruxo que queria, acima de tudo, ser o mais poderoso, o mais importante, o maioral de todos os tempos; seu nome, Brexoson Sioux. Segundo diz a história, ele viveu durante longos anos na Europa central, tendo contado com todo o tipo de forma de vida mágica, principalmente com os vampiros que lhe ensinou a arte de como sugar, melhor dizer roubar, energia de outro bruxo, vampiro e etc.”, seguiu Christian dizendo em leves sussurros. “E foi desse modo que Brexoson começou a desenvolver seu próprio tipo de magia, um tipo de magia que ninguém mais conhecia, uma magia estranha e poderosa que só os que pertenciam ao seu clã sabiam como usar, a partir daí os clãs começaram a usar um tipo variado de magia, onde cada clã tinham suas magias; ainda na Europa ele viajou para algum lugar da Península Escandinava, onde aprendeu a dominar os elementos da natureza como ninguém jamais havia dominado e foi onde desenvolveu uma espécie de medalhão mágico, onde ele concentrou toda a energia dos quatro elementos. Esse medalhão era chamado de Dinaxo”, Christian fez uma pausa, tornou a olhar em volta para ver se havia alguém suspeito espreitando-os, viu que não havia ninguém então continuou. “E a mais ou menos dez anos atrás, essa lenda foi ressuscitada como nunca fora sido antes por um bruxo que tinha o mesmo ideal de Brexoson; Klaus McKingdom se dizia ser a reencarnação de Sioux, desejava ter o mesmo poder, ter a mesma sabedoria, então criou seu próprio clã, os Inquisidores, que tinham como missão trazer de volta o período da inquisição, eles eram o resumo da revolta dos seres mágicos para com os humanos.”, fez nova pausa e desta vez não pode prosseguir.

- Ah, não. – exclamou Otávio olhando na direção de Hugh que olhou para trás e viu um homem vestido de um sobre-tudo de couro preto - achou extremamente desnecessário, pois não estava frio – ele tinha no rosto frio uma barba rala, seus olhos eram extremamente verdes e seus cabelos eram pretos e cacheados e cobriam todo seu pescoço.

Este homem se aproximou e falou com um muito desprezo.

- Ora, ora, ora, se não é o bruxinho que dá uma de humano e a sanguessuga imunda, bom dia Dakin e Ranscinni. – esse “bom dia” soou mais como um “e seja amaldiçoado”.

Hugh logo notou que havia certa antipatia entre o homem, seu pai e Otávio.

- Não queremos confusão aqui Hastins. – disse Christian friamente. – Existem muitas testemunhas.

O recém-chegado riu em desdém.

- Ora, grande coisa, e alias não posso perder meu tempo aqui, tenho... coisas para fazer. – olhou para Hugh e disse – Outra sanguessuga, logo você verá quem é melhor, os bruxos ou os vampiros. – olhou para Marcos e acrescentou – E você. Teve outra chance e mesmo assim se mistura com os que não prestam tsk, tsk, tsk. – enquanto falava Hugh ia ficando com mais ódio dele. – Já ouviu dizer que ninguém escapa da morte duas vezes?

Naquele instante Christian levantou-se com imensa fúria derrubando com incomparável força a mesa, causando uma gigantesca bagunça, e chamando a atenção dos que estavam à volta; seus olhos estão como olhos de gato, sua pele ficara ainda mais branca e seus dentes ficaram mais afinados. Rapidamente o homem chamado Hastins pos a mão dentro do, sobre-tudo como se segurasse algo para atacar e ao reparar isso Otávio falou pondo-se entre os dois e a mesa.

- Opa, tenham calma. – e completou murmurando – Não precisamos nos expor tanto assim.

Hastins recuou a mão de dentro do, sobre-tudo e se retirou sem dizer mais um “a”. Foi e entrou na Horxes & Horpeis.

Otávio fez algo que Hugh não pode ver, pois ele ficara acompanhando Hastins com o olhar, apenas percebeu ele sussurrar:

- Vampirus pos mortem. – houve um clarão discreto e Christian voltou ao normal.

*

Hugh como estava sem assunto, tocou no primeiro que veio à mente.

- Você vai estudar em qual escola? – perguntou a Marcos já do lado de fora do shopping, na calçada. Christian e Otavio haviam ido até o estacionamento, para retirarem o carro.

- Voçe não deve conhecer. Caerdwyff.

Ao ouvir isso Hugh abriu um grande sorriso por dentro, mas por fora deixou-se ficar serio.

- Legal, eu também vou estudar na Caerdwyff.

Marcos, ao contrario de Hugh, abriu um sorriso que foi de ponta a ponta do rosto.

- Fantástico! Assim, pelo menos já terei um amigo lá, um amigo mágico. – brincou. Hugh riu e dessa forma os dois começaram a ser amigos.

- Você mora aonde? – perguntou Hugh. Ele não tinha muitas amizades na Ousix e nem fizera no ano passado e segundo Christian era melhor assim, pois um mestiço de vampiro não devia ter muitas amizades humanas, então como Marcos não era humano e sim bruxo, ele, Hugh, podia ter uma verdadeira amizade com o garoto.

- Moro com Otávio, em Whistler sabe?

- Ele é seu irmão? – perguntou Hugh.

- Não. Meu primo.

Hugh desviou o olhar para Christian e Otavio que, a certa distancia, pareciam discutir à medida que se aproximavam do estacionamento interno. Christian gesticulava e Otavio tentava acalma-lo. A avenida que estava logo diante deles, não estava movimentada e por esse motivo Hugh pode ouvir o canto dos pássaros, que serviu para alegrá-lo naquela bela manhã, porém, logo tudo se calou e parou de fazer qualquer tipo de barulho, silencio ensurdecedor, como se alguém tivesse dado pausa naquela cena, quando de repente.

Booooooooooooooooooom.

Uma gigantesca bola de fogo foi cuspida do ultimo andar do shopping, com um imenso impacto sonoro, como se um avião tivesse se chocado contra o prédio, expelindo estilhaços de vidro e concreto sobre os que estavam do outro lado da avenida e em frente à entrada de vidro. Uma língua de fogo lambeu as janelas do prédio vizinho e depois subiu rodopiando para o céu anil, que logo foi rasgado por uma densa nuvem preta de fumaça e fogo.

Ao ver esta cena Hugh tropeçou e caiu de costas no chão em choque, Marcos ficou parado, estupefato, e os pedestres que ali passavam olharam atônitos e chocados para aquela cena. Logo após o estrondo a Mercedes surgiu à toda velocidade e parou derrapando na calçada do prédio defronte ao Pacific Centre.

Christian e Otavio saíram do carro e ficaram olhando a bola de fogo disipar-se no ar e as chamas irem consumido o interior daquele andar.

- A Horxes & Horpeis fica lá, não fica? – perguntou Marcos em choque.

- Madame Horpeis. – exclamou Christian pondo-se a correr para dentro do shopping.

Otávio virou-se para ele e Hugh e falou:

- Entrem e não saiam do carro até nos voltarmos. – e foi em direção ao shopping.

Marcos ajudou Hugh a se levantar e em seguida entraram no automóvel.

Do lado de fora do carro ouviam-se gritos de pessoas que procuravam por outras, várias delas choravam em desespero e logo a tristeza tomou conta da bela manhã.

A entrada do Pacific Centre logo ficou pequena para tantas pessoas que queriam sair daquele inferno. Enquanto isso o fogo ia consumindo o ultimo andar do prédio. Os gritos e a correria aumentaram no momento em que uma nova explosão emergiu das chamas.

Booooooooooooooooooom.

Desta vez, não tão potente quando a primeira, mais foi suficiente para fazer desmoronar uma pequena parte da parede e do teto do shopping.

- Meu Deus, o que foi isto? – exclamou Marcos surpreso, com tantos acontecimentos.

- Acho que foi aquele homem estranho que fez isso. – concluiu Hugh, ligando uma coisa a outra. – Ele entrou na Horxes & Horpeis, lembra?

Marcos olhou para as chamas antes de responder.

- É talvez, ele tinha mesmo uma áurea de bruxo.

- Você já este a áurea dos outros? – perguntou Hugh esquecendo-se da tragédia que acontecia do lado de fora do carro.

- Já. Não muito bem, mas sinto alguma coisa.

*

O interior do shopping estava vazio, uma estranha sineta tocava e os dispositivos anti-chamas estavam todos ligados, porém, não ajudavam em muita coisa. Christian estava parado olhando na direção das escadas rolantes, seus olhos estavam focados como olhos de águia e sua audição aguçada melhor do que a de um rato. Ouviu passos vindos de trás, virou-se para olhar e viu que Otávio se aproximava com uma varinha em punho. Esta varinha tinha o comprimento exato de seu antebraço, e se parecia muito com um galho de arvore, pois tinha certas deformações em seu perímetro e tinha uma cor meio marrom avermelhado. As chamas já tinham alcançando o térreo.

- Ali. – apontou Christian olhando para as escadas rolantes.

Uma gargalhada estridente rompeu o silêncio, dando um ar maligno à cena. Christian ficou impassível, já Otavio recuou alguns centímetros.

Do alto da escada rolante surgiu entre a poeira e o fogo um homem vestindo um, sobretudo de couro. Em meio a toda a tragédia e destruição ele ria. Em uma das mãos segurava uma varinha de metal, reta e rija, do tamanho de seu antebraço e na outra segurava uma mulher baixinha e um pouco gorda pelos cabelos! Ambos molhados por causa dos dispositivos anti-chamas.

- Solte-a Hastins! – gritou Christian passando a mão na testa para tirar os cabelos dos olhos. Ele sentia tanto calor ali, que parecia estar quase derretendo.

O homem riu em desdenho e respondeu.

- E se eu não soltar, voçê vai fazer o que? Morder meu pescoço? Hahaha.

- Axsun! – gritou Otávio fazendo um globo de luz translúcida brilhante percorrer da sua mão para a varinha e logo depois voar em direção á Hastins, que com um simples gesto dispersou a magia.

- Se quiser me vencer Otávio terá que fazer melhor que isso. Gwere! – desta vez não houve raio de luz, houve apenas um barulho de ferro sendo contorcido, e em seguida Otávio foi atingido, o que fez seu corpo tombar estirado e ser prensado contra o chão, como se alguma coisa muito pesada estivesse sobre ele; Otavio gemia de dor. Hastins riu novamente. – Otavio otário, tem que voltar a aprendiz.

Christian não se conteve com a eminente derrota de Otavio, em um pulo se transportou até surgir atrás de Hastins onde com um gesto rápido pegou-o pelo pescoço e o derrubou ao chão. Christian golpeou seu ombro fazendo Hastins soltar madame Horpeis que se pôs a correr em direção a Otavio. Então uma luta corporal começou. Hastins dava inúmeros socos seguidos no rosto de Christian, porém como já estava “transformado”, tinha sua força duplicada e mal sentia os golpes. Hastins apontou a varinha para o rosto de Christian e antes que dissesse algo, este o esmurrou na barriga com tanta força que Hastins caiu a uns dois metros dali.

Tento Hastins perdido a concentração, Otavio levantou-se com o rosto cheio de pequenos cortes e seu nariz aparentemente estava quebrado e com ajuda de Horpeis pegou a varinha:

- Me desculpe, foi ele... foi ele... não pude fazer nada. – lamentava Horpeis desesperada e seu bondoso e alegre rosto estava cheio de fuligem e lagrimas.

- Protasia! – Hastins gritou ainda caído ao chão, cortando o ar com a varinha, fazendo o corpo de Christian ser lançado com incrível força para dentro de um caixa eletrônico.

- Strele Ignis! – uma lança de fogo alaranjada foi lançada da varinha de Otavio, esta cortou o ar em incrível velocidade e por centímetros não pegou em cheio o braço de Hastins, apenas lhe causou um corte profundo, esta lança seguiu caminho até se chocar contra as escadas rolantes que levavam para o segundo andar fazendo-as explodirem em chamas, Otavio mal se aquentava em pé, Horpeis estava desolada e Christian estava quase morrendo devido ao calor. Muito sangue estava sendo derramado e o fogo aumentava cada vez mais, quando uma parte das escadas rolantes desmoronou Hastins desapareceu junto com a fumaça.

Otavio correu entre as chamas e foi resgatar o corpo de Christian. Ao chegar lançou outra tromba d’agua sobre o local. O corpo de Christian incrivelmente não estava queimado, estava apenas todo cheio de fuligem, porem suas roupas sim, estavam chamuscadas.

*

Hugh olhava apreensivo para a entrada do shopping e torcia para ver o pai saindo dali. Foi naquele momento que vários caminhões de bombeiros surgiram com as sirenes ligadas – a policia já havia cercado o local.

Não demorou muito para o terceiro e segundo andar do shopping expelir mais chamas, como se fosse uma nova explosão, o que causou ainda mais pânico para Hugh. “Onde esta meu pai? Onde esta Otavio?”, pensava desesperado, querendo acreditar que eles não estavam lá dentro.

Segundos depois todo o edifício do Pacific Centre estava em chamas, e algumas pessoas na multidão de curiosos que assistiam à tragédia colocaram a mão na cabeça e outros saíram correndo aos brandos. Pouco tempo depois a imprensa chegou. E com toda essa confusão ninguém percebeu o clarão de luz que surgiu rente a Mercedes onde estavam Hugh e Marcos.

Com o clarão vieram Christian, Otavio e madame Horpeis, todos com as roupas chamuscadas e com os rostos pretos e ambos pareciam estar desmaiados.

Hugh não pensou duas vezes em sair do carro. Em um pulo já estava ao lado do corpo do pai que estava muito, mais muito quente. Cambaleante Otavio levantou-se, parou um tempo para tomar fôlego, olhou para as ruínas do Pacific Centre, porem não expressou nenhum sentimento, a mão esquerda estava sobre o nariz e ela estava toda manchada de sangue.

- Medik Laformum – ordenou Otavio na direção de Christian, que começava a acordar.

- O que houve? Quem fez isso tudo? – perguntava Hugh incansavelmente.

Ali onde estavam seria fácil alguém notar o quanto estranhos eram por isso Otavio optou em lançar a magia de uma forma muito discreta.

- Medik Laformum. Medik Laformum. – demorou mais uns segundos até Christian conseguir despertar definitivamente. Abriu os olhos e exclamou:

- Zak Hastins! – murmurou - Você esta bem filho? – colocou as mãos no rosto de Hugh. Suas mãos estavam muitos quentes.

Nem mesmo os intensos barulhos das sirenes dos bombeiros e policiais os fizeram perder o rumo da conversa.

- Eu estou bem, sim... mas o prédio. – e apontou com a cabeça para as chamas que o consumiam, os bombeiros continuavam a lançar água mais de nada adiantava. Logo depois as ambulâncias começaram a aparecer.

- Minha loja, e agora... Eles vão me matar, ah Christian. – exclamava madame Horpeis em pânico. – Eu sabia deste que capturaram meu marido.

Foi horrível para Hugh ver aquela bondosa mulher se desmoronar em prantos.

Christian sentou-se ali mesmo, no chão, e assim que notou que algumas pessoas os olhavam, bateu com as mãos na roupas praticamente queimadas para tentar tirar o excesso da fuligem, mas foi inútil então falou tentando conforta-la.

- Não tenha medo madame Horpeis, você pode ir ficar na Ousix com a gente. Estará segura lá.

Madame Horpeis não respondeu, apenas caiu em prantos.

Hugh ficou chocado com tantos acontecimentos de uma só vez, o que ele pouco sabia era que as coisas só estavam começando.

domingo, 28 de março de 2010

Capitulo Três - Glooskap

Hugh estava extremamente curioso e Christian continuava com um sorriso no rosto e apressava-o com a mão. Após o menino passar pela porta, já na sala, notou um senhor de cabelos e barba grisalhos - a barba era rala -, olhos cor de mel e de aparência cansada, estava sentado no sofá e apreciava o antigo e belo quadro dos Dakins.
- Hugh este é Hérico Glooskap. - precipitou-se Christian a apresentá-lo ao velho. - Ele é de uma escola chamada Caerdwyff... ele... ele quer te oferecer uma vaga.
Hugh se lembrara da conversa que acabara de ter com a mãe e lembrava-se, também, de que ela havia comentado sobre essa escola, Caerdwyff.
- Pai já disse que não quero ir para nenhuma escola. – sussurrou Hugh ao pé do ouvido de Christian que continuava com o sorriso no rosto. Mas ele não tivera tempo de responder, pois o homem levantou-se e falou:
- Hugh Dakin, me chamo Hérico Glooskap e sou professor no Colégio de Artes e Ciências Caerdwyff. – Ele tinha um forte sotaque britânico e isso deixou Hugh sem entender muita coisa do que havia dito. Glooskap estendeu a mão, mas o menino recuou.
- Não quero ir para nenhuma escola, obrigado. – rebateu instantaneamente, Hugh.
- Poderia falar a sós com o menino, Sr. Dakin? – perguntou Glooskap sem tirar os olhos dele.
- Claro! Mas acho difícil o senhor conseguir faz-lo trocar de idéia, eu e a mãe dele, Sara, já tentamos e...
- Ah, Sr. Dakin, já fiz tantas coisas, - falou Glooskap olhando para Christian, mas voltou seu olhar para Hugh ao complementar num tom soberbo – acho que convencê-lo será o mínino.
Christian nada disse apenas se calou e saiu em direção a cozinha deixando o filho e o velho.
Um modorrento silencio dominou a sala. Hugh permaneceu imóvel, fixando o olhar em Glooskap que voltou a sentar-se.
- Bem Hugh, eu...
- Não.
-O que? – perguntou Glooskap surpreso.
- Não, disse que não! Não vou para a sua escola.
- A escola não é minha!
- O que? – perguntou Hugh quase confuso.
- Acho que é o certo a se fazer, Hugh.
- Por quê?
- Porque é o certo, oras! – exclamou Glooskap com certa impaciência.
- Então me convença. – Hugh sabia que estava sendo muito mal-educado e, também sabia que se continuasse assim, logo perderia a vaga... ele não se importava.
Glooskap respirou fundo antes de continuar.
- Hugh Dakin, vou lhe dar apenas três motivos para freqüentar a Caerdwyff e depois disso, espero que compreenda. – fez uma momentânea pausa e prosseguiu num quase sussurro – Primeiro, eu sei o que voçê é Hugh Dakin.
“De novo”, pensou Hugh corando levemente, naquele momento viera lembranças de quando o garoto Mike o atormentava e isso fez lembrar-se também do que havia acontecido depois.
- E o que eu sou? – perguntou irônico.
- Voçê seria mestiço de vampiro e bruxo se não me engano, estou certo? E pessoas como voçe não podem se misturar com qualquer tipo de gente. – falou Glooskap ainda em tom de sussurro. Naquele momento Hugh sentira vontade de pular, gritar, espernear, e ataca-lo, mas nada disso aconteceu incrivelmente Glooskap trazia para Hugh certa segurança, mesmo sem se conhecerem. Ao notar o certo grau de nervosismo do menino, completou – Hugh sei que voçê não é o único, seus pais e todo esse vilarejo são iguais a nós.
“Nós, então ele também é ‘diferente’”, pensou o menino confuso e animado.
- Voçê é...?
- Sou um bruxo, mago, feiticeiro, tanto faz, mas sou igual a voçê e a sua mãe. – disse Glooskap.
Essa ultima pegou Hugh.
- Como sabe de mim e de minha mãe? – perguntou confuso.
Glooskap abafou uma risada antes de responder.
- Posso sentir a magia. E alias este vilarejo, e esta casa, tem uma boa concentração de magia.
- Como se sente magia?
- Áurea, é meio difícil de explicar. Mas vamos voltar ao nosso assunto, a Caerdwyff.
“Segundo, me alertaram o ocorrido na escola em Kamloops com voçe e mais um garoto, e falaram que eu correria perigo vindo aqui, mas até que seu pai foi bem hospitaleiro. Na verdade o que chamou a atenção da Caerdwyff não foi isso, pois afinal, não lidamos com alunos problemáticos, e sim, sua incrível capacidade mental e suas boas notas, e etc...”.
Hugh não se achava esperto ou inteligente, jamais passaria por sua cabeça ser o mais inteligente da classe, até porque, ele não se encaixava na palavra “menino-prodigio”. E Glooskap ao dizer isso fez Hugh inflar seu ego.
- Mas como vocês ficaram sabendo de mim?
- Exame estadual, os mais bem classificados da Columbia Britânica são escolhidos para freqüentar a escola. Tome leia o folheto. – pondo a mão numa maleta preta que trouxera com sigo, tirou uma folha preta com letras prateadas e entregou ao garoto.
De momento, Hugh, não se interessou em ler, apenas viu o titulo no topo da fola. Em letras prateadas estava escrito:

Colégio de Artes e Ciências Caerdwyff

Hugh dobrou o papel e guardou-o no bolso. Estava curioso para saber mais sobre a Caerdwyff.
- E terceiro, com o passar do tempo, suas forças começaram a se tornam incontroláveis, e no lugar errado isso pode ser um grande risco.
- Então qual a diferença? Se vou ser um monstro, então não importa em qual lugar vou me tornar, importa? – Hugh percebia que começava a tomar confiança em Glooskap.
- Voçe tem razão, não importa o lugar aonde voçe irá se tornar um monstro, o que importa são as pessoas ao seu redor... que irão vê-lo se tornar um monstro. – disse o homem num tom calmo, sem sussurrar. – Eu não sei – continuou -, mas dizem que a escola é um lugar místico, envolvido em magia.
Aos poucos Hugh começava a perceber tudo, seus poderes, suas diferenças e onde tudo isso poderia ficar sem ninguém querer mata-lo.
- E os alunos Humanos, eles não percebem? – “Humanos” eram como os seres mágicos se dirigiam para as pessoas comuns.
- Não sei dizer. Afinal, ainda é verão e sou novo na escola, mas tomara que não. – deu um breve sorriso e prosseguiu – Imagine a confusão que seria. Não posso perder mais meu tempo, Hugh, ainda tenho mais dois alunos para visitar... E então Hugh Dakin, o que me diz?
Fez-se silencio. Os pensamentos de Hugh começavam a borbulhar opiniões para seu ego que, relutava, para dizer um “não”; ele começou a pensar nas conseqüências que teria se aceitasse a vaga.
E se ele ataca-se alguém de novo? E se todos descobrissem o que ele, realmente era?
Mais também pensava nas conseqüências que teria se recusasse a vaga.
- Tome a decisão certa, filho. O mais fraco é aquele que não tenta, jamais, superar seus medos.
- Voçê será um fraco, Hugh? – disse Glooskap num tom filosófico.
Era verdade! Ele apenas não queria voltar para a escola, por causa das pessoas, que sempre o rejeitava. Tinha que passar por cima daquilo.
Seu ego se inflou e ele afirmou vigorosamente.
- Eu vou!
O sorriso de Glooskap foi suficiente para iluminar toda a sala; seu rosto cansado e velho se tornou, momentaneamente, mais jovem e astuto.
- Muito bem Hugh Dakin, finalmente viu a verdade! – disse Glooskap alegre, indo apertar a mão do menino, que desta vez não recuou. – Sr. Dakin?! – chamou. Não demorou muito e veio da cozinha, Christian e Sara, com olhares apreensivos.
- Bom dia. – falou Sara – Sou Sara Dakin, mãe de Hugh.
Cumprimentaram-se com um aperto de mãos.
- E então, Sr. Glooskap? – perguntou Christian num tom preocupado.
Sem mais redondas, o professor disse.
- A vaga é dele, ele aceitou-a.
“Viva!!!”, gritaram os dois em uníssono e abraçaram-se.
- Que ótimo – afirmava Christian indo dar os parabéns ao filho. – Como fazemos agora? Material escolar? Documentos?
Glooskap pegou na maleta preta, sobre o sofá, uma espécie de documento que no momento estava grampeado.
- Já ouviu falar do Pacific Centre Shopping? No centro de Vancouver? Então, voçe encontrara uma loja credenciada da Caerdwyff, se chama Horxes & Horpeis, lá voçe vai encontrar roupas e materiais. Enquanto a documentação é um pouco mais complexa, precisamos do registro de nascimento, comprovante de residência e uma média salarial dos responsáveis do aluno e se possível comparecer na escola, no minino uma semana antes, do inicio das aulas.
- Em Vancouver?! – perguntou Sara num tom abismado – Não podemos fazer isso aqui em Kamloops mesmo?
-Não, pois só lá mesmo temos coisas credenciadas à escola.
Christian e Sara ficaram estupefatos com tantas coisas a fazer. E enquanto Sara corria para pegar o endereço da escola, Christian folheava a papelada entregue por Glooskap.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Capitulo Dois - Ousix

Ousix era o nome que levava o pequeno vilarejo de origem francesa, onde moravam os Dakin. Este pequeno vilarejo, à meia hora de Kamloops, Columbia Britanica, Canadá.
Era composto por sete ruas e algumas casas senhoriais, também era cercado por colinas e bosques que traziam certo charme ao vilarejo.
Ousix, comparada às cidades grandes, era medíocre, mas tinha muitas e muitas histórias que chegavam a dar inveja.
Fundada em 1812, as casas ainda preservavam a arquitetura da época. No centro do vilarejo havia uma praça com um chafariz.
Os habitantes da Ousix faziam o tipo da família Dakin, ou seja, as pessoas que moravam ali eram bruxos, vampiros ou mestiços.
Como já foi dito, alguns bruxos odeiam alguns vampiros, por esses motivos os vampiros e bruxos que não seguiam os padrões de confronto, viviam ali.
Outro importante nome de família que habitara o vilarejo eram os Ranscinni. A família Ranscinni habitou a Ousix até a carnificina que os envolveu. Habitavam na maior casa do vilarejo, que no momento se encontrava abandonada. Ao anoitecer a imagem do casarão era muito mística.
Hugh Dakin morava ali deste seu nascimento. As maiorias de seus vizinhos ali não tinham filhos, os únicos eram os Dakin e outra família chamada Akinburguer.
Os Akinburguer habitavam na terceira rua subindo da praça central; num casarão de época com três andares e um jardim bem bonito faziam parte da propriedade.
Nashta Akinburguer era filho único de Lucy e Aroon Akinburguer. Todos eram bruxos. A personalidade de Nashta era um tanto fácil, dito um tanto, pois - raramente - tinha momentos de egoísmo e julgava-se mais esperto que os outros.
Hugh e Nashta eram amigos, mas não estudavam na mesma escola; embora morassem apenas quatro ruas um do outro, era raro quando se encontravam.
Fazia um ano do ocorrido em Kamloops, entre Hugh e o garoto Mike, deste o termino do ano letivo Hugh tinha perdido toda a vontade de continuar seus estudos.
Embora frequentemente afirmasse que não iria voltar para a escola, seus pais diziam que ele iria sim, e iria para a Flyboots.
Flyboots era o colégio de “gente rica” que Christian e Sara como bolsista, havia estudado durante a infância e adolescência.
Hugh estava sentado na cama enquanto folheava um livro de capa vermelha e surrada chamado: Dinastia Gwdollen. As folhas amareladas estavam quase se soltando por causa do tempo. O livro pertencia ao seu avô, Sean Dakin.
Seu quarto não era tão grande, mais cabia perfeitamente sua cama, seu guarda-roupa, sua cômoda, sua mesa de cabeceira e um abajur em cima deste.
Hugh nem chegara, a saber, direito o porquê estava com aquilo, mas mesmo assim continuava a folheá-lo a procura de imagens, mas nada viu, então fechou e atirou-o para trás; o livro bateu na parede e caiu aberto com a capa para cima.
Estava tudo tão entediado que tomara um enorme susto com a estridente voz de sua mãe que o chamava.
- HUGH, DESÇA AQUI, PRECISO DE VOCÊ!!! - a voz de Sara cortara o silencio, não só da casa, mas o de toda Ousix.
Hugh pulou da cama e correu em direção ao jardim.
A casa dos Dakin seria mais avaliada como uma "pequena mansão", em vez de uma simples casinha. Tinha dois andares; era pintada - por dentro - de verde musgo e o piso era de madeira de pinheiro, que fora retirado do bosque, talhada e introduzida na casa pelo tetravô de Sean Dakin.
No corredor, onde estava Hugh, ficavam todos os quartos e o banheiro, o de Hugh - que era o primeiro com uma porta de macieira um tanto avermelhada - o de seus pais – que era na segunda porta, também de macieira - e mais um de visitas e o banheiro na penúltima e ultima porta, respectivamente, e era do mesmo material das anteriores. O corredor tinha também, alguns quadros, todos de Dakins passados e por fim haviam duas escadas; uma de faia, bem estreita e em caracol, que subia para o sótão, e uma de carvalho, bem ornamentada com balustres no estilo gótico e modelada, larga, que descia para os cômodos abaixo, como a sala de estar, cozinha e sala de jantar.
Hugh desceu e chegou à sala de estar; esta era bastante ampla. Dois sofás e uma poltrona, ambos verdes, que ficavam de frente para a lareira e entorno de uma mesinha, havia uma estante de teixo – que fora comprada pelo pai de Sean de um mercador português - com alguns livros e enfeites. Também havia mais quadros lá e o que chamava mais atenção era um retangular, bem grande, que estavam nele, um homem – sentado - barrigudo com um vasto bigodão um tanto curvado para cima, usava um monóculo, uma casaca preta de seda e com longas abas traseiras, sua expressão era séria; ao lado do homem estava sentada uma mulher com aparência severa, usava um coque para prender seus vastos cabelos pretos, vestia um vestido de cetim bem ornamentado em cor preta com poucos babados e fechado até o pescoço; em seu colo estava uma menininha com rosto redondo que usava um vestido com muitos babados e bastante comportado e seus cabelos cacheados estavam soltos; mais atrás, de pé estavam dois meninos, um já era adolescente e aparentava ter uns dezesseis anos tinha, no rosto, uma pequena quantidade de espinhas e tinha o rosto bastante bonito e um pouco triste, seus cabelos pretos aumentavam seu charme de galã, usava um colete preto sobre uma camisa branca, calças e sapatos igualmente pretos e o outro aparentava ter uns onze anos, tinha o rosto bastante frio e duro para a idade e vestia a mesma roupa que o outro; era incrível a semelhança entre o este menino e Hugh. Aqueles eram os Dakin do ano de 1865, as pessoas – e vampiros - mais poderosas da Columbia Britanica. Hugh não parou para admirar esse retrato. Afinal o via todo dia.
Naquela casa tudo, era tão velho, que, qualquer aparelho novo fazia um extremo contraste com os moveis antigos.
Seguiu em direção a porta da cozinha. Ao entrar sentiu um forte cheiro de torradas e café recém preparados. Aquilo fez Hugh se sentir mais acordado.
A sala de jantar dos Dakin ficava bem ao lado da cozinha e era composta por uma mesa comprida com doze cadeiras, ambas de madeira escura e num estilo rústico.
Em relação aos outros cômodos, a cozinha, era o menor. Num estilo de cozinha norte-americana.
Lá o novo e o antigo se misturavam. Pia antiga, de mármore, ao lado do fogão cinco bocas. Armários de pinheiro, da época da construção da casa, com uma geladeira ultra-moderna.
Continuou e finalmente chegou aos fundos da casa, onde se erguia uma estufa, já dentro desta havia uma grande variedade de flores, de orquídeas a um grande girassol que aparentava estar murcho.
- Me chamou mãe? - perguntou Hugh entrando.
Sara estava vestida com uma roupa velha, verde, luvas de jardineiro e um avental rosa muito sujo de terra. No momento que Hugh chegara ela aguava uma tulipa arroxeada.
- Sim filho. Me ajude a plantar aquelas mudinhas, sim? - e apontou para o outro lado onde havia uma estante com varias geringonças e quatros mudas envoltas num saco cheio de terra úmida.
- Do que são? - perguntou Hugh pegando um vaso, uma pequena pá e indo até elas.
- São rosas.
- Quem deu? Pensei que já tivéssemos uma. - indagou Hugh envazando a primeira muda.
- Lucy Akinburguer que trouxe pela manha. As nossas murcharam. -
Ao acabar, Hugh foi em direção a uma torneira para lavar as mãos, foi quando Sara começou.
- Lucy me disse que Nashta vai para um colégio chamado Caerdwyff, fica na Ilha Vancouver. Muito bom aquele colégio, o melhor do Canadá, segundo Lucy.
Hugh já tinha uma decisão formada sobre aquele assunto e não iria voltar atrás.
- Mãe, já falei que não quero voltar para a escola. Todos me olham torto e parece que eles têm nojo de mim, só por que sou assim. – falou enfatizando para sua pele.
Sara sabia o que aconteceu com Hugh um ano atrás e também tinha o mesmo receio que ele.
- Tenho medo de acontecer de novo.
- Mas voçe não pode parar com seus estudos só por causa de uma coisa boba. Voçe terá que seguir com seus estudos. - sua voz tinha um quê de bronca.
Hugh abriu a boca para se defender, mas engoliu em seco.
A porta da estufa se abriu e um homem um tanto pálido, com feições serias, quiexo quadrado, cabelos pretos, olhos castanhos e vestindo um palitó preto apareceu. Era Christian.
- Se não é meu filhão e a minha mais preciosa flor. - dito isso Sara corou. O rosto serio de Christian ficara alegre de repente. Caminhou até Sara onde abraçou-a e dera-lhe um selinho. Hugh desviara o olhar.
- Como vai, moça? - perguntou novamente em tom de brincadeira.
- Tudo bem. Como foi o trabalho? - perguntou Sara desvencilando-se de Christian.
- Quase tudo bem. Só uns probleminhas aqui e ali, mas fora isso, tudo bem.
Sara tirou o avental e as luvas e jogou-as dentro de um velho balde.
- Vou tomar café, mãe. - falou Hugh retirando-se.
- Opa, filho nem falou comigo. - disse Christian.
- Oi. - respondeu ele.
- O que há com Hugh?
Sara deu de ombros e foi até a saída com um molho de chaves na mão. Christian a seguiu.
Já do lado de fora perguntou.
- Essa estufa me lembrou uma piada. Quer ouvir?
- Não. - respondeu Sara, pois, em geral, as piadas de Christian eram todas sem graça.
- Vou contar assim mesmo assim. - falava enquanto ia em direção à cozinha. - Sabe por que as plantas não falam? - tinham acabado de entrar na cozinha. Sara ligava o fogão e Hugh comia cereais com leite na mesa.
- Não tenho idéia. - respondeu Sara em tom patético.
- Por que nasceram mudinhas! Ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha, ha.
Hugh girou os olhos e voltou aos cereais e Sara ficou olhando Christian se acabar de rir.
Ainda gargalhando Christian, pois uma xícara de café e sentou-se na mesa ao lado de um jornal.
- Voçe não tem piadas mais engraçadas? - perguntou Sara colocando água para ferver.
- Foi o Allan que me contou essa. Ele é uma piada, mesmo. - já havia parado de rir e agora lia o jornal.
Hugh ficara pensativo com o que sua mãe havia lhe dito e enquanto remexia o cereal pensava se aquilo que, usualmente dizia, seria realmente o certo a se fazer. Essa era a mais profunda duvida dele naquele momento.
- Nossa! - exclamou Christian.
- O que foi agora? - perguntou Sara.
- É aqui no jornal, sobre o blecaute em Londres. Prenderam dois suspeitos de provocar o incidente.
De repente.
tim, tom.
- Atenda, por favor, Christian.
Sem pestanejar Christian saiu deixando o jornal aberto sobre a mesa. O olhar de Hugh escorregou para cima deste, onde lia-se no The Omega.

“CAPTURADOS”

"A Scotland Yard capturou na noite de quarta-feira os principais suspeitos de cometerem o maior blecaute da história da capital inglesa, ocorrido na noite de segunda-feira passada. Os nomes dos suspeitos foram divulgados ontem à noite, são Joshua e Aisdra Smith. Eles foram capturados na região de Ealing depois de uma longa semana de investigações. Foram encontrados com eles cinco passaportes para Vancouver, Canadá. A Scotland ainda investiga a possibilidade de haver uma quadrilha envolvida.”

Havia também uma foto de um homem pálido, de cabelos pretos, longos e lisos que estavam presos num rabo de cavalo, ele cobria o rosto com uma das mãos e também havia uma mulher jovem, bastante bonita e sem maquiagem e fazia uma careta para a câmera. Os dois estavam cercados por jornalistas e havia um policial que estava na frente deles abrindo a porta de um carro preto. E, além disso, a palidez da pele dos suspeitos, na foto do jornal, deixara Hugh curioso. "Será que eram vampiros também?", pensou.
Hugh mal havia acabado de comer quando seu pai apareceu na porta chamando-o.
- Hugh, é para voçe. - falou Christian sorrindo. - Glooskap é o nome dele. Venha. - chamou.
Ele ficara curioso, afinal não conhecia ninguém com aquele nome. Naquele momento tinha que saber quem era Glooskap.